TRANSTORNOS MENTAIS NA ATUALIDADE E A PSIQUIATRIA
O mundo contemporâneo trouxe um novo paradigma em relação as questões mentais, a busca por profissionais especializados em saúde mental, principalmente psiquiatras e psicólogos, aumentaram de forma exponencial.
O mundo pós pandemia, mudanças comportamentais da modernidade e os avanços tecnológicos (como a internet) contribuíram para a mudança e percepção sobre o binômio saúde e doença mental, e a qualidade de vida.
Assim como a modernidade trouxe avanços em relação a diminuição do estigma, ela também contribuiu de forma paradoxal para um aumento dos transtornos mentais devido ao estresse do mundo contemporâneo e o novo perfil do paciente atual, tema que trouxe em artigo anterior (blog: www.dradautojr.com).
Associação Brasileira de Psiquiatria calcula que a demanda de pacientes impactados pelos transtornos mentais, levou a um aumento em cerca de 82% da procura de consultórios particulares de todo país durante a pandemia.
Organização Mundial de Saúde prevê a prevalência global de ansiedade e depressão em todo o mundo, conforme entidade, em 2019, cerca de um bilhão de pessoas no mundo – incluindo 14% dos adolescentes – foram diagnosticadas com transtorno mental. O suicídio foi responsável por mais de uma em cada 100 mortes, sendo 58% antes dos 50 anos de idade.
Segundo OMS, o Brasil é o país onde estão as pessoas mais ansiosas e o quinto com mais indivíduos depressivos.
Temos que avançar em relação a melhoria do acesso ao tratamento em saúde mental e sobre a qualidade do atendimento prestado, assim como, continuar diminuindo o estigma relacionado ao tema.
Em relação ao tratamento muito se desenvolveu em relação ao arsenal terapêutico medicamentoso baseado na neurofisiologia cerebral, mas inversamente houve uma diminuição na formação médica e psiquiátrica em relação aos fatores estruturais, dinâmicos e culturais que estão relacionados ao adoecer mental e sua psicopatologia.
O diagnóstico baseado na evidência “cientificas”, nos sinais e sintomas dos guidelines (diretrizes) terapêuticas que focam, principalmente, nas medicações ou em terapias comportamentais, reduzem a complexidade e as causas, acima citadas, dos transtornos mentais gerando respostas terapêuticas parciais e tratamentos de longa duração na tentativa do acerto medicamentoso.
Surge um crescente número de diagnósticos que acabam por rotular e confundir, além da possibilidade do uso excessivo de remédios com manifestações clínicas indesejáveis, e seu consequente manejo.
Em minha experiência em consultório utilizo a abordagem psicodinâmica, da análise psicodramática, associada ao uso de medicações com excelentes resultados.
A melhora da visão sobre a importância do tratamento da saúde mental nos novos tempos é bem-vinda, e precisa estar associada a uma formação mais ampla dos profissionais que atuam na área. Contemplando o saber científico, biológico, psicodinâmico, social e cultural que esta especialidade demanda, devido a constantes mudanças e as complexidades do existir.
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